Atos 2

   Autoria 

  O livro de Atos foi escrito por Lucas, o qual também escreveu o evangelho que recebeu seu nome. A igreja primitiva entre os séculos II e IV d.C., testemunhou que Lucas foi o autor de Atos. Existem também evidências na própria bíblia que este livro é de autoria lucana.  Analisando os textos de Lc 1.3; At 1.1 fica nítido que este livro foi escrito por Lucas, no primeiro texto ( Lc 1:3) Lucas revela que escreveu o evangelho  sinótico de Lucas para Teófilo, no primeiro versículo de Atos ele reafirma isto.  

Propósito

Orientar a noiva de Cristo em sua missão. O livro de Atos nos exorta a sermos testemunhas de Cristo, proclamando o evangelho  em quaisquer circunstâncias,  a pregação do evangelho era mais importante para o apóstolos do que suas próprias vidas. Este livro registra a morte de homens que perderam as suas vidas, Estevão apedrejado, Tiago degolado, etc. Atos quebra todo ensinamento herético de que o cristão vive apenas uma vida de alegria e que pelo fato de sermos servos de Deus, automaticamente Deus terá "planos maravilhosos" para todos nós aqui na terra.  Atos nos mostra que não é assim,  alguns dos nossos irmãos em Cristo foram mortos, outros ficaram aprisionados, muitos tiveram que abandonar suas propriedades e bens.  Ser cristão na época de Atos não era o modismo que acontece hoje em nosso país, tendo em vista que a laicidade do nosso Estado Democrático de Direito, a qual acarretará em um resultado indesejado para quem lesionar nossos bens jurídicos tutelados pelas leis que regem o Brasil.  Atualmente estamos protegidos pela Constituição de quaisquer perseguições que ferem nossa liberdade de crença, entretanto, isso não significa que o cristianismo é um mar de rosas, alguns irmãos nossos em outros países ainda padecem perseguições. Cristianismo significa abraçar espinhos.

A promessa que se cumpriu em Atos 2 

  O Senhor Jesus Cristo antes de sua ascensão nos prometeu o Espírito Santo: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o  conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.  Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis".  João 14:16-19. Não só foi Cristo que  anunciou a descida do Espírito Santo, no Antigo Testamento ele também foi anunciado. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. João 14:26. Outros textos das Escrituras falam acerca da descida do Espírito Santo.  Em Atos 2 acontece o cumprimento desta promessa no dia de pentecostes ( cinquenta dias após a páscoa), uma festa das festas mais importantes para os judeus.  O Espírito Santo desceu sobre os cristãos que estavam reunidos no cenáculo. O Consolador ainda continua desempenhando seu papel na igreja, sem a ação genuína do Espírito, é impossível que  não só a pregação do evangelho, mas também a conversão de pessoas. 

O Propósito do Dom de Línguas  em Atos 2 

No dia de pentecostes, judeus prosélitos iriam a Jerusalém,  judeus prosélitos são pessoas que de nascença não eram judias, nem tão poucos israelitas natos, porém decidiram optar pelo judaísmo como religião, mesmo não sendo israelitas de nascimentos. Judeus de toda parte do mundo se reuniram em Jerusalém ( At 2:5).  O interessante é que eles testemunharam os cristãos movidos pelo Espírito Santo falando em outras línguas, vale ressaltar também que eles ficaram confusos porque cada um ouvia o cristão falar em sua própria língua ( At 2:6) os versículos posteriores ao 6,  deixam bastante claro isso : "E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? " Atos 2:7-8  "Na nossa própria língua em que somos nascidos..." o texto deixa bastante nítido, era desnecessária qualquer informação,  mas o que já está explícito no texto, será novamente explicado.  Os judeus prosélitos quiseram falar através disso que os idiomas que os discípulos falavam eram o mesmos falado em seus países, ficaram confusos pois eram galileus que falavam, naquele período em Israel, existia um preconceito contra os galileus, afinal, os galileus em sua maioria ,eram simples pescadores e agricultores, sendo assim, era impossível que eles tivessem aprendido a falar em outras línguas, em qualquer um escola de idioma, senão uma manifestação sobrenatural do Espírito Santo sobre os cristãos. Nesse sentido, é possível perceber o propósito evangelístico de Deus,  aquele momento era bastante propício para uma conversão em massa,  pelo motivo de muitas   pessoas oriundas de outros países estarem reunidas em Israel, além disso, o evangelho seria pregado por elas, quando voltassem à sua nação de origem.

  A importância da Reunião 

Os  cristãos que estavam no cenáculo, estavam em união, todos estavam no mesmo propósito,  esperando o cumprimento da gloriosa promessa. Esse principio não pode ser perdido nos dias atuais, a comunhão é um dos ensinamentos de Cristo para todos os cristãos. O pecado está sendo resumido em dois atos para muitas pessoas: adultério e fornicação. Algumas pessoas consideram-se santas pelo fato de não cometerem esses dois pecados, quando na verdade não  suportam viver uma vida de união com o próximo.  Santidade não pode-se resumir em não adulterar ou fornicar. Temos que amar nossos irmãos em Cristo, amá-los como amamos a si mesmo.  Quando estamos em Cristo, nos tornamos em apenas um nele ( Jo 17:21).  Impossível estar em Cristo, se você não consegue viver uma vida pacífica com seu próximo. Os cristãos que se reuniram no cenáculo, estavam em união, assim devemos permanecer sempre.

 O Evangelho sendo pregado em Atos 2 

     Em Atos 2: 14-36,  Pedro prega o evangelho da maneira o qual deve ser pregado.  Analisando o sermão de Pedro, perceberemos que o propósito de Pedro era anunciar Cristo, mostrar aos pecadores quem é Cristo, não anunciar aquilo que Cristo pode fazer.  Sendo assim, é possível afirma que a pregação do evangelho está centralizada absolutamente em Cristo, pregar o evangelho é falar de Cristo,  é mostrar ao pecador, quem é Cristo. O Evangelho é o próprio Cristo, Cristo é o próprio Evangelho. Impossível pregar o Evangelho sem apresentar Cristo ao pecador.  O evangelho não faz o homem ser uma raridade que reflete o brilho do Senhor e que ele não é pra chorar se o mundo não notar. Isso é humanismo, não evangelho. O evangelho nos mostra o quanto somos miseráveis, que nossa justiça é como o trapo de imundícia e que somos depravados totalmente, se não fosse a graça de Deus agindo eficazmente, jamais conseguiríamos nos salvar. Infelizmente  falsos evangelhos têm sido pregado  nas igrejas. Nos dias atuais a maioria dos sermões estão centrados na valorização do homem ou naquilo que Deus pode fazer. O evangelho realmente tem que ser pregado aos homens, todavia, esta pregação é sobre Cristo. É pregado para o homem, mas tem que ser sobre Cristo!  É muita enfase a bençãos materiais, milagres e "vitórias",  a maioria dos sermões são discursos humanistas, outros não passam  de empirismo. Muitos pregadores são especialistas em eisegese e consideram-se  grandes pregadores do evangelho. Eisegese é forçar uma interpretação de maneira desonesta para defender um ponto de vista que biblicamente não tem texto, é tirar do texto algo que não está nele ou  no contexto.  Um grande exemplo de eisegese praticado por muitos pregadores é o texto de Atos 2:2, alguns retiram o "de repente" e pregam sobre o " de repente de Deus", dizem que de repente Deus abençoará alguém, de repente Deus  dará uma grande vitória, de repente o  culto de ações de graças vai acontecer. Algo nada a ver com o texto,  o texto é alusivo à descida do Espírito Santo, foi isso que aconteceu de repente, uma manifestação do Consolador, nada relacionado com essas pregações. Pregar desse modo é  antibíblico e desonesto, nada condizente com o evangelho genuíno.  Difícil é saber que a igreja atual gosta desse tipo de pregação, inclusive este tipo de pregação causa  emocionalismo nos cultos.  Minha opinião acerca disso, é que na verdade  estas pessoas não pregam, apenas reproduzem aquilo que ouviram alguém pregar. Analisando a maioria das pregações atuais,  podemos notar que só mudam os pregadores, as pregações são as mesmas. Estamos tão adaptados a escutar as mesmas pregações sobre determinados textos, que quando escutamos um sermão diferente, dizemos: "o pregador pregou sobre tal texto, mas pregou de maneira diferente, nunca tinha visto uma pregação assim sobre o texto". É claro que Deus muitas vezes dar pregações semelhantes. O problema é que na maioria dos casos acontece reproduções e não pregadores, mais problemático do que isso, é saber que não é o evangelho genuíno que  está sendo reproduzido, mas, sim, um produto falsificado que o denominaram de evangelho o qual tem causado muitos estragos. Falam muito sobre inversão de valores no mundo, esquecendo-se que no cristianismo atual tem acontecido o mesmo, Cristo está sendo rejeitado pelos próprios "cristãos", tendo em vista que os sermões que falam sobre a pessoa do Senhor Jesus, não são vistos com bons olhos por muitos "cristãos", o evangelho está sendo limitado a discursos de autoajuda. O Evangelho não tem o objetivo de fazer você a saber ajudar a si mesmo, mas ensina que  sem Cristo, você é totalmente incapaz de executar quaisquer atos por mais fáceis que sejam.  É Cristo que tem que ser anunciado em nossos sermões, em nossa maneira de viver. Quando não pregamos a Cristo, não estamos pregando a palavra de Deus, porque ele é a palavra de Deus, o Verbo encarnado, nossos sermões  tornam-se semelhantes aos discursos em parlamentos, aulas em escolas, etc. Retire Cristo da sua pregação e não tenha dúvidas de que ela se tornará um discurso qualquer.  Ainda que os sermões causem emoções, façam pessoas chorarem, desprovidos de Cristo, jamais  irão fazer pessoas se arrependerem plenamente.  É Cristo que deve ser anunciado, não  as bençãos que Ele pode conceder.

    A Eficácia da pregação do Evangelho em Atos 2

   Quando o Evangelho é realmente pregado aos pecadores, Ele age de modo eficaz na vida de quem outrora vivia uma vida de pecado.  O versículo 42 de Atos 2,  diz que os ouvintes daquele maravilhoso sermão,  "compungiram-se em seu coração", isto significa que o Evangelho quebrantou o coração deles, levando eles a enxergarem que não tinham esperança de salvação, senão, pela misericórdia de Cristo. O Evangelho faz isto! Mostra ao homem que ele foi assassino que contribuiu diretamente para a morte de Cristo na cruz.  Somos tão cruéis como os homens que torturaram Jesus e as falsas testemunhas. A morte de Cristo foi a única morte registrada na terra a qual toda a humanidade teve participação. Inclusive você!  Seus pecados foram responsáveis pela expiação de Jesus no Calvário.  Você também assassinou o Cristo!  O  Evangelho tem que ser pregado no propósito de não só te conscientizar que és um pecador, mas também que você é um assassino  ingrato  o qual matou o inocente que salvou você. Os ouvintes de Pedro não sentiram-se "super valorizados" com a pregação do evangelho, não sentiram-se uma "raridade", tendo em vista que o verdadeiro evangelho não valoriza o homem, senão, revela o quanto ele é miserável , depravado totalmente, inclinado para fazer o mal, incapaz de salvar a si mesmo. Isto prova a incondicionalidade do amor de Deus: ter apreço   por algo ou alguém que tem um imenso valor é muito fácil,  Deus foi muito além disso, amando  homens miseráveis totalmente distantes de serem pedras preciosas. Se o homem sente-se valorizado com a pregação do evangelho,  é porque Cristo não foi anunciado a Ele. Sendo assim, o evangelho não foi realmente pregado. O pecador não tem que saber que ele é importante para Deus,  mas, sim, que ele é um pecador e que apesar de Deus ter se "importado" por ele, não vi motivo algum para fazer isso.  "Você tem um valor imenso, por isso tu és importante para Deus".  Esqueça essa frase! Ela não é nada condizente com as Escrituras.  Deus não viu nada em você para te considerar alguém importante para ele, até porque você era um miserável pecador que não valia nada.  Três mil pessoas que ouviram   aquele belo sermão no dia de pentecostes  não apenas se entristeceram e tiveram consciência  de sua condição de pecador assassino e miserável, mas também se arrependeram de seus  atos pecaminosos.  O evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê ( Rm 1:16). É o Evangelho que salva o mais vil pecador merecedor da mais horrenda condenação, o evangelho produz o arrependimento em nossos corações e a fé salvífica.  Analisando o texto de Atos 2,  notaremos que os ouvintes daquele belo sermão eram judeus  os quais  consequentemente consideravam   o judaísmo como a religião verdadeira. Sendo assim, é possível afirmar que ninguém que ouviu o sermão de Pedro queria Cristo antes de ouvi-lo sendo anunciado.  Isto refuta totalmente um pensamento contemporâneo o qual afirma que o homem precisa ter "força de querer", " força de vontade" para "aceitar" a Cristo.  Lendo o livro de Atos e estudando a história da igreja primitiva, notaremos que os primeiros cristãos jamais quiseram a Cristo, Paulo foi um grande exemplo de alguém que jamais iria desejar Cristo, se Cristo não o desejasse.  Indubitavelmente é "menos pior" que uma pessoa não  se entregue a Cristo do que entregar-se por força de vontade".  Talvez você discorde de mim, mas está é uma verdade absoluta. Basta observar o que acontece dentro das igrejas no século XXI.  Estão pregando um evangelho medíocre o qual ensina que as pessoas precisam ter força de vontade para aceitar a Cristo. O que acontece? Estas pessoas "aceitam" a Jesus,  por causa de um apelo no final de culto, uma insistência permanente de um pregador,  em seguida,  são considerados crentes. Mas!  Essas pessoas não foram de fato regeneradas,   sendo assim, não houve uma conversão, esta pessoa continua  no estado natural de todo homem, depravada totalmente, escrava do pecado, inclinada para fazer o mal. Resultado disso? A pessoa "aceita" a Jesus, acha que converteu-se e vai lutando contra o pecado, continua lutando, mas como não foi regenerada, é impossível que ela vença o pecado e vai chegar uma hora que ela já foi tão sufocada pelo pecado que acaba "desviando-se" da igreja, quando na verdade ele nunca foi salva, tendo em vista que é impossível o homem salvar a si mesmo,  logo,  a força de vontade não vai fazer você ser um cristão firmado na rocha inabalável, ela te conduz a um sofisma.  É por este motivo que o número de "afastados" ou "desviados" é bem maior que o número de cristãos que são membros do Corpo de Cristo.  Precisamos saber que a salvação não é algo instantâneo que faz o homem ser um salvo  numa oração de apenas  um minuto, a salvação é a graça atuando em sua consciência, te fazendo repudiar tudo que  você faz e Deus odeia que você faça.  É algo que pode durar até décadas.  Talvez você pode ficar triste quando pregou o evangelho e não houve conversão, entretanto, isto não significa que seu sermão foi um fracasso, até porque o evangelho é poder de Deus e não fraqueza, provavelmente a graça salvadora começou a atuar na vida de alguém que não arrependeu-se de imediato, mas que será conduzida ao arrependimento pelo Espírito Santo.  Se preocupe apenas em viver e pregar o evangelho. Vale ressaltar também que não existe espaço para a graça  no evangelho hediondo que ensina o homem a tentar salvar a si mesmo pela sua força de vontade. Se você tenta ser crente por força de vontade, isto é lei, e não graça. A graça capacita ao homem a vencer o pecado e o entusiasma a viver uma vida em Cristo.  Emocionalismo, humanismo, empirismo, entretenimento e força de vontade não salvam ninguém.  A bíblia é clara! É o evangelho que salva o homem. Qualquer meio inventado pelo homem que tenha o propósito de aproximá-lo de Deus, o afasta ainda mais. A maioria das pessoas que "desviaram-se" da igreja, jamais irão voltar, pois  tiveram uma falsa  conversão através de um sofisma inconsistente disfarçado de evangelho que leva essas pessoas à outra mentira, a qual ensina que é impossível  elas serem cristãs. Outras até voltarão, mas continuarão saindo e voltando para a igreja, até o dia que irem definitivamente para o inferno. Poucas pessoas que "desviaram-se",  serão realmente salvas.  Como arminiano, acredito que Deus queria salvar também essas pessoas, mas o homem apropriando-se de outros métodos, sem  pregar o evangelho, acabaram afastando ainda mais essas pessoas de Deus. Tenho quase seis anos de cristão, infelizmente muitos companheiros de vigílias, círculos de oração, consagrações, etc., novamente estão no mundo, acredito que alguns realmente tiveram uma vida transformada de Deus e foram negligentes, entretanto, a maioria esmagadora foi enganada por emoções, sermões humanistas e empirismos e por não terem sido regenerados, voltaram para o mundo que nunca foi retirado pela graça de Deus do coração deles. O evangelho produz arrependimento eficaz, muda radicalmente a vida do homem. Foi isto que aconteceu em Atos 2, o termo usado para arrependimento neste texto gr. metanoia.  transliteração de uma palavra grega que significa mudança de pensamento radical, convicção de pecado. O evangelho muda a maneira de viver do homem,  faz você deixar de viver para que Cristo viva em você ( Gl 2:20). É impossível existir arrependimento sem Cristo ser anunciado ao pecador. É anátema qualquer mensagem chamada de evangelho a qual não seja cristocêntrica.  É melhor pregar o evangelho ainda que apenas uma pessoa se converta do que pregar um evangelho falsificado que  faça milhões de pessoas  se converterem superficialmente O Evangelho não pode ser caracterizado por pessoas que aceitam a Jesus. O evangelho é Cristo "aceitando" salvar homens vis incapazes de salvarem a si mesmo, indignos da salvação e merecedores da mais horrenda condenação.