Tocados pela Graça
Um certo homem mencionado por Mateus, Marcos e Lucas, era leproso, pouco se sabe nas escrituras acerca deste homem, a bíblia não nos fornece muitas informações , entretanto, como a bíblia já é a revelação suficiente de Deus para todos nós, outra informações se tornam desnecessárias. Apesar de a bíblia não falar muito deste leproso, podemos encontrar vários textos no antigo e novo testamento que falam de forma aclarada acerca da lepra.
Este termo "lepra" era usado para descrever uma variedade de doenças. A lepra tuberosa começava com empolas vermelhas e produzia manchas e deformações ( as lepromas). A lepra trofoneurológica paralisava os nervos de tal maneira que os membros tornavam-se entorpecidos, atrofiados e sem vida. Independente do tipo da lepra, a Lei exigia que a doença fosse observada, a fim de debelá-la nos seus estágios primários. Umas das características da Lepra é que ela produzia manchas, deformações e inchaços no leproso.
Pela legislação judaica, um leproso seria obrigado a se afastar das pessoas sãs. Quando aquele homem adquiriu aquela enfermidade imediatamente ele teve que se afastar de todos os seus familiares, seria impossibilitado de manter comunhão com as pessoas que mais lhe amavam, ele também perdeu toda sua perspectiva de um dia encontrar sua família, pois está enfermidade era incurável. Leprosos só eram curados através de uma intervenção divina. A lepra se assemelhava a morte, já que a família de um leproso jamais iria vê -lo novamente. Muitos leprosos se reuniam em lugares isolados e afastados dos centros urbanos. Os quatros leprosos mencionados em 2 Rs 7:3-4 eram exemplos de enfermos que se afastaram da cidade. Leprosos que se aproximavam das cidades eram apedrejados e corriam grande riscos de serem mortos por pessoas sãs que tinham o amparo legislativo para apedrejá-los
Os judeus tinham um credo equivocado que enfermidade era consequência de pecado e que os pecados poderiam passar de pais para filhos. Quando Jesus curou o cego de nascença (Jo 9:2), seus discípulos lhe perguntaram quem tinha pecado por este motivos, este credo estava enraizado nos judeus. Embora este credo foste equivocado, é bastante perceptível nas escrituras que muitas pessoas foram punidas com enfermidades por consequência de pecados. Geazi é um grande exemplo ( 2 Rs 6:27). Não podemos afirmar se este leproso também tinha cometido algum delito que resultasse na lepra.
A enfermidade deste leproso não era pior que uma doença muito semelhante que nos oprimia, esta doença cujo nome se chama pecado. O pecado produziu em nós uma grande mancha, nos deformou e nos enchia de orgulho, assim como a lepra fez com aquele leproso. Estávamos manchados, deformados e inchados pelo pecado, não bastava isso, ele nos afastou de uma comunhão íntima com um Deus que nos ama com muita intensidade, de maneira inexplicável e singular, que tem um desejo imensurável de ter o homem perto dele. Enquanto o pecado enchia o homem de impureza, o coração de Deus transbordava de saudades da sua mais amada criatura. Deus sentiu a sua ausência e distanciamento com muitíssimas saudades. Não digo que Deus não queria mais você longe dele, digo que Deus nunca quis você afastado dele. Deus sentia saudade de você! Algo tinha que ser feito para que esta reconciliação acontecesse. Antes mesmo que o homem se afastasse de Deus, Deus pela sua presciência já tinha predeterminado um plano para salvar o homem e como consequência disso reatar a amizade íntima e profunda com o homem.
Quando a bíblia fala que o Cordeiro foi morto desde da fundação do mundo (Ap 13:8), isto significa que antes mesmo que o homem fosse criado, a morte de Cristo já estava decretada por Deus. O homem em si era impossibilitado de aproximar-se de Deus, assim como o leproso só era curado por intermédio de uma intervenção divina. Deus! Somente Deus! Poderia salvar o homem incapaz de salvar a si mesmo. O homem foi o culpado pelo seu distanciamento de Deus, Cristo foi o responsável por esta íntima aproximação. O homem é digno da sua condenação, entretanto, indigno da sua salvação. Meritocracia humana e graça divina são incompatíveis. Por isso posso falar com plena convicção que uma das grandes diferenças entre o céu e o inferno: no inferno entrarão merecedores, no céu apenas os indignos. Alcançamos a salvação pela graça, o favor imerecido de Deus, isso nos impossibilita de sermos entitulados de merecedores e transforma o céu num lugar cheio de indignos. A graça que faz de você um salvo, também te impossibilita de ser um merecedor. A salvação é uma dívida nossa para com Cristo impossível de ser quitada. Nas tentativas frustradas de reduzir esta dívida, a nossa natureza pecaminosa impede essa redução e faz que essa dívida só aumente. O salvo não tem "apenas" a vida eterna, mas carrega consigo a reputação eterna de um devedor. Jamais iremos fazer algo por Deus de bom, comparado ao bem que ele continuamente tem feito por nós, a tendência é que enquanto continuamos aqui nesta terra, continuaremos cometendo atos desagradáveis contra o nosso bondoso amigo Cristo. A graça é maravilhosa! Ela ocupou todo o local que outrora era preenchido pelo pecado. Somos salvos pela graça
A graça nos coloca no calvário em frente a Cristo sendo crucificado e nos diz: Você é o culpado! Cristo sentiu a dor de morrer numa cruz no propósito de nos livrar de sentir a terrível e eterna dor da condenação no Lago de fogo. Quem recusa a expiação de Cristo, através de uma vida de pecado, também é colocado frente a frente com Cristo no calvário, mas não é a graça e sim o pecado que coloca o ímpio lá e o faz cuspir em Cristo, ao invés de reconhecer a culpa. Esta é uma grande diferença entre a graça e o pecado. O homem que recusa a amizade de Deus não é diferente daqueles que estavam zombando de Cristo no calvário. Somos salvos pela graça (At 15:11). Apesar da nossa salvação ser pela graça, ela teve um alto custo, o nosso déficit era muito alto para quitar esta dívida.
Em Cristo foi executado todo o castigo que a nós foi imputado, em suas feridas, formos sarados ( 1 Pe 2:24) Cristo se manifestou para tirar os nossos pecados (1 Jo 3:5). Cristo tornou-se nosso substituto. O amor de Cristo é indiscutível! Quem seria o inocente capaz de sofrer e morrer pra evitar que um culpado sofresse e morresse? Somente Cristo! Ele se fez réu para nos defender. A salvação por meio da graça é o maior presente que o homem pode receber. A Graça faz o salvo refletir acerca da profundidade e imensidão inexplicável do amor de Deus, nos conscientiza da nossa culpa pelo castigo de Cristo na Cruz do calvário e nos faz se tornar cada vez mais indignos de todo este sacrifício. Devemos dar graças pela graça, pois estávamos numa situação pior que aquele leproso, mas assim como ele foi tocado por Cristo, Cristo também nos tocou. Interessante é que um homem limpo que tocava o leproso ficava impuro também. O toque de Cristo fez com que Ele carregasse nossos pecados e colocasse em nós a pureza. Cristo nos tocou com suas mãos furadas e estendidas numa cruz , sem dúvidas sentimos o toque da graça.
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