A origem do Mal

          A origem do mal  continua sendo um assunto enigmático na história da humanidade, o qual provoca divergências não só na teologia, mas também na filosofia, tendo em vista  a incompressibilidade do seu surgimento .    Antes de tudo, precisamos entender o verdadeiro significado do mal.  Shedd  afirma que o mal engloba tudo que o homem chama de  mal: desgraça, punição, infortúnios, dificuldades, coisas que sobrevêm ao homem por causa do pecado no mundo, consequências de uma situação que  Deus está pronto a remediar, se entregarmos os nossos caminhos a Ele, aceitando o castigo e a correção das suas mãos. é possível afirmar que o mal não fora criado por algum ser,  no entanto,  a teologia hebraica acreditava que o mal   teve início na onipotência de Deus, atributo incomunicável  aos homens.  Os hebreus olhavam para Deus como a causa única de todas as coisas,  desse modo, o mal também era um  desígnio divino.  Chanplin disse: " Devemos relembrar que a teologia hebraica era fraca,  quanto a causas secundárias, pelo que,  equivocadamente,  atribuía tudo à  agência divina, até mesmo as coisas más".   A teologia cristã ultrapassa  teses  defendidas outrora pelos hebreus. Platão disse:  "Deus, se ele é bom,  não é o autor de todas as coisas, conforme muitos asseveram,  mas é a causa somente de algumas coisas, e não da maior parte  das coisas que acontecem aos homens, Pois poucos são os pontos bons da humana, e muitos são os males; e somente o que é bom pode ser atribuído a Ele. Quanto ao que é mal, outras coisas têm que ser descobertas".  Por outro lado, alguns teólogos pensam de modo diferente acerca da origem do mal. Calvino, homem de enorme importância na história da igreja,  tem sua opinião em consonância com os hebreus. Acredita na doutrina da providência, a qual afirma que Deus não apenas ver  tudo, mas também decreta tudo o que acontece, ou seja, Calvino enxerga Deus como responsável pela origem do mal. Afinal,  essa opinião é compatível com  a bíblia? Claro que não! Além disso, é impossível alguém concordar com esse ponto de vista e não atribuir  todos os males a Deus. O próprio Calvino pronunciou  nas institutas que se um mercador que, havendo entrado em uma zona de mata com um grupo de homens de confiança, imprudentemente se desgarre dos companheiros, em seu próprio divagar seja levado a um covil de salteadores, caia nas mãos dos ladrões, tenha o pescoço cortado. Sua morte fora não meramente antevista pelo olho de Deus, mas, além disso, é estabelecida por seu decreto. Não se pode desassociar as duas teses, se alguém acredita que Deus é o autor do mal, também pensa que tudo de depravado que acontece no mundo faz parte dos decretos divinos, incluindo até uma criança sendo violentada sexualmente.  Desse modo, não é exagero dizer que o diabo é servo passivo de um deus tirano, o qual apenas executa apenas a vontade divina. Nesse sentido, é impossível concordar com Calvino, haja vista que existem assuntos nas Escrituras totalmente ilimitados para  a mente humana, todavia, não devemos alterar o caráter de Deus  a fim de tentar uma explicação para assuntos não entendíveis ao homem.   Deus é bom, amoroso, misericordioso e jamais agirá de maneira contraria à sua palavra.  O  mal reputado na bíblia como obra de Deus, foi criado no intuito de aproximar as pessoas de Deus, o exílio serve como grande exemplo para sustentar esse argumento, o povo voltou-se para Deus após o cativeiro. Por tudo isso, entendemos que a bondade de Deus é tão infinita, que ele usa até o mal para fazer o bem.  Portanto,  jamais descobriremos a verdadeira origem do mal moral, contudo,  sabemos que ele não foi criado por Deus.